quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Anjos...


Anjos caídos, anjos perdidos
Anjos mortos, anjos esquecidos
Anjos que já foram, anjos que ficaram
Anjos que há muito tempo se mataram

Asas negras, machucadas
Rostos pálidos, faces cortadas
Olhares tristes, lágrimas de saudade
Sorrisos falsos, um pouco de realidade

Anjos solitários, um anjo com medo
Anjos inocentes, um anjo que morreu cedo
Anjos depressivos, um anjo maltratado
Anjos tristes, um anjo abandonado

Um anjo suicida
Um anjo enterrado
Um anjo sem vida
Um anjo do Teu lado...


{autoria desconhecida}



O Anjo que me protege

Ao chegar em frente a sua casa, ela avistou o Anjo que a proteje e disse surpresa, meio preocupada, entretanto com um ar de felicidade:
- Puxa, que bom que estais aqui! Eu só trouxe um lanche... Não sabia que você viria.
O Anjo sorriu, tranquilamente.
Ela pôde sentir o olhar daquele Anjo dizer muitas coisas, sobretudo, que não tinha problema algum... O Anjo a fez sentir que, na verdade, nunca havia partido.
- Vamos entrar? - chamou o Anjo.
- Vamos!
Ela sentiu uma paz que a tempos nao sentia...
Parecia tão real...


O Anjo que se matou

Ela sabia que ele estava la dentro daquele quarto, sozinho, deprimido. Mesmo assim ela resolveu entrar, afinal, eram amigos... Ela então entrou. O lugar era meio escuro... Sabia que ele, a pouco, tornou-se Anjo... um Anjo que se matou e parecia agora muito triste. Ele estava sentado, sem camisa, cabeça baixa, pensativo, não tinha asas... Ela se aproximou.
O Anjo a olhou e sorriu. Ela fez o mesmo. Abraçaram-se demoradamente. Não trocaram nenhuma palavra, apenas sentiam a presença física... Sim! Ela podia tocá-lo.
Ela olhou-o nos olhos, acariciou seu rosto. Abraçou-o novamente. Aquele abraço falou muitas coisas... numa linguagem que só eles entendiam.
Seria essa a linguagem dos Anjos?

Lágrimas molhavam o rosto dela...



Ontem, passei a noite com Anjos... Sinto minh'alma abatida, carregada de tristeza por ter sido obrigada a voltar ao seu 'habitat físico' que mais parece um cárcere!

Ass.: uma indigente...


"Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam."
{Clarice Lispector}
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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A Menina do Espelho

Estou de frente a um espelho e nele vejo a imagem de uma menina perdida. No espelho a vejo feliz, mais sinto que ela está triste. Ela deseja se desprender dessa vida...
Nada apagará uma magoa que surgiu de repente, nem eu consciente consigo explicar qual é o problema; Mesmo a vendo sorrir ainda sinto que ela está triste e mesmo fazendo os outros sorrirem, ela se entristece. Sinto vontade de morrer e de mata-la mais ao mesmo tempo quero mantê-la viva e assim descobrir até onde vai a minha força.

- A vida nos prega várias peças e nos confunde. Ela deveria nos dar a morte, mas ela mesma nos mata!



{autoria desconhecida}
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domingo, 9 de novembro de 2008

Ao Mundo Desconhecido





Sentada sobre uma pedra, de frente para o mar, num demasiado estado de solidão, dei lugar aos meus pensamentos...

Questionei-os: “Onde foi que eu errei? Por que a vida tem se rebelado contra mim? Por que o temível sempre me alcança? Por que tinha que acabar assim?”

Entre lágrimas busquei respostas... E fiquei olhando o mar em sua fúria. As ondas pareciam trazer-me lembranças, agravando ainda mais a minha dor e saudade.

...E mais pensamentos inundavam minh’alma. Agora pensamentos destrutivos em meio à ausência das respostas que tanto buscava. Eu ainda olhava as ondas... O alvoroço das águas parecia interligar-se com a angústia que eu sentia.

O barulho brusco das ondas contra as pedras soavam aos meus ouvidos como um chamado.

“Chegou a hora. É hora de partir”.

Levantei-me da pedra em que estava sentada e em passos lentos caminhei, com pés descalços, em direção às ondas turbulentas. A fria brisa da noite sobre meu corpo gélido e trêmulo não foram suficientes para impedir meu próximo passo... Lembro que o céu estava turvo e a lua sem claridade.

A cada instante eu me aproximava das fortes ondas, meus pés estavam submersos igualmente a minha razão de viver... Estava decidida: “Adeus, mundo cruel!”

Atirei-me à primeira onda, forte e gelada; Essa num impulso empurrou-me metros à trás... Caminhei novamente em direção à próxima onda que se formava... Eu caminhava com dificuldade devido ao frio demasiado das águas, porém sentia uma leve dormência e uma estranha força me “ajudava”.

De repente fui arrastada bruscamente... Meus pés já não tocavam o chão. Ondas jogavam-me de um lado para o outro num movimento desordenado. Nesse instante eu bebi muita água, pois não sabia nadar. O frio era intenso. Entrei numa espécie de transe onde eu já não pensava e nem reagia mais... Vi o fim se aproximar... Uma gigantesca onda estava à minha frente. Furiosa e ameaçadora. Parecia ser muito tarde para voltar à trás. Senti pavor diante daquela onda negra e feroz que me engoliu e arrastou-me violentamente sem que eu soubesse em qual direção.

Prendi meu fôlego por alguns instantes, acho que também perdi os sentidos diante de tanta fúria, força e velocidade, mesmo sem saber ao certo o que iria me acontecer a partir daquele momento, senti uma estranha sensação de alegria, estava orgulhosa por vencer o medo e, por fim, entreguei-me ao mundo desconhecido.





Ass.: uma indigente.





(relatos baseados em sonhos onde os dois últimos

parágrafos do texto repetiram-se inúmeras vezes...)



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domingo, 2 de novembro de 2008

Uma Indigente

Hoje, ao entrar no meu quarto, deparei-me com um corpo... Vi que tratava-se de um cadáver. Sim! Um cadáver...
Ao ver aquele corpo ali, sem vida, tive uma estranha sensação... Engraçado como um cadáver se transforma numa simples mala no meio do seu quarto.
Não tenho coragem de tocá-la para não deixar evidencias.
- Não fui eu, eu juro! Não fui eu! Foi assim que eu a encontrei, desde a ultima vez que a vi com vida. Não fui eu. Eu juro!
Está do jeito que a mataram. Olhando para mim... Nem um pano a cobri-la; Sem marcas de agressão, apenas um rubro adeus saindo pela sua boca; Parece um
crime perfeito. Mas como em todo crime sempre tem que haver um culpado. Talvez o acusado até seja o inocente.
Mas alguém tem que pagar por isso. E o cadáver ainda está aqui...
Quando eu a vi, confesso que chorei... Chorei por horas! Mas tenho que me conformar. Ainda não posso tocá-la. Havia tanta esperança lá dentro. Agora parece um nada, morreu como indigente. Ninguém para enterrá-la. O assassino poderia ter se dado o trabalho.. Que tal, esquartejá-la e afundá-la em um rio bem profundo, com pedras no seu interior? Seria mais inteligente. Talvez nem se ouviria falar nada a respeito.
Procura-se agora um culpado! Um destruidor de sonhos! Quem sabe seu nome seja destino, ou foi o acaso...
O infortúnio, um incidente... Talvez uma queda? Um fracasso.
Às vezes eu olho pra ela e desejo que ressuscite. Quem sabe se eu esperar algo aconteça? Quem sabe ela saia andando dali? Mas pra onde vão os mortos? Pra onde vão os sonhos fracassados? Os sonhos e desejos assassinados? Se você souber para onde vai, me diz! Preciso saber.
- Não se iluda, tudo está acabado!
Diz uma voz que sempre surge para cortar o nosso fiozinho de esperança.
- Descanse em paz!


Ass.: Uma indigente.
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