segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Florbela Espanca



Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.
E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!

Sinto os passos de Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!

______________


Há uma primavera em cada vida: é preciso cantá-la assim florida, pois se Deus nos deu voz, foi para cantar! E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada que seja a minha noite uma alvorada, que me saiba perder...para me encontrar...

______________


Flor Bela de Alma da Conceição Espanca
[Florbela Espanca]

Poetiza portuguesa.
(Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 - Matosinhos, 8 de dezembro de 1930)
Precursora do movimento feminista em Portugal, teve uma vida multuada, inquieta, transformando seus sofrimentos íntimos em poesia da mais alta qualidade.
Teve três casamentos mau sucedidos e dois abortos involuntários.
A morte do irmão, Apeles (num acidente de avião), abala-a gravemente.
Tentou o suicídio por duas vezes em outubro e novembro de 1930. Por fim, após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicida-se no dia do seu 36º aniversário, utilizando uma dose elevada de veronal.

Homenagem pelo seu dia... aniversário de nascimento e de morte.
Florbela Espanca, a poetiza que não sei se estou nela ou se ela está em mim.


'O que há depois? Depois?... O azul dos céus?
Um outro mundo? O eterno nada? Deus?
Um abismo? Um castigo? Uma guarida?
Que importa? Que te importa, ó moribundo?
- Seja o que for, será melhor que o mundo!
Tudo será melhor do que esta vida!...'


{Florbela Espanca}
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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Anjos...


Anjos caídos, anjos perdidos
Anjos mortos, anjos esquecidos
Anjos que já foram, anjos que ficaram
Anjos que há muito tempo se mataram

Asas negras, machucadas
Rostos pálidos, faces cortadas
Olhares tristes, lágrimas de saudade
Sorrisos falsos, um pouco de realidade

Anjos solitários, um anjo com medo
Anjos inocentes, um anjo que morreu cedo
Anjos depressivos, um anjo maltratado
Anjos tristes, um anjo abandonado

Um anjo suicida
Um anjo enterrado
Um anjo sem vida
Um anjo do Teu lado...


{autoria desconhecida}



O Anjo que me protege

Ao chegar em frente a sua casa, ela avistou o Anjo que a proteje e disse surpresa, meio preocupada, entretanto com um ar de felicidade:
- Puxa, que bom que estais aqui! Eu só trouxe um lanche... Não sabia que você viria.
O Anjo sorriu, tranquilamente.
Ela pôde sentir o olhar daquele Anjo dizer muitas coisas, sobretudo, que não tinha problema algum... O Anjo a fez sentir que, na verdade, nunca havia partido.
- Vamos entrar? - chamou o Anjo.
- Vamos!
Ela sentiu uma paz que a tempos nao sentia...
Parecia tão real...


O Anjo que se matou

Ela sabia que ele estava la dentro daquele quarto, sozinho, deprimido. Mesmo assim ela resolveu entrar, afinal, eram amigos... Ela então entrou. O lugar era meio escuro... Sabia que ele, a pouco, tornou-se Anjo... um Anjo que se matou e parecia agora muito triste. Ele estava sentado, sem camisa, cabeça baixa, pensativo, não tinha asas... Ela se aproximou.
O Anjo a olhou e sorriu. Ela fez o mesmo. Abraçaram-se demoradamente. Não trocaram nenhuma palavra, apenas sentiam a presença física... Sim! Ela podia tocá-lo.
Ela olhou-o nos olhos, acariciou seu rosto. Abraçou-o novamente. Aquele abraço falou muitas coisas... numa linguagem que só eles entendiam.
Seria essa a linguagem dos Anjos?

Lágrimas molhavam o rosto dela...



Ontem, passei a noite com Anjos... Sinto minh'alma abatida, carregada de tristeza por ter sido obrigada a voltar ao seu 'habitat físico' que mais parece um cárcere!

Ass.: uma indigente...


"Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam."
{Clarice Lispector}
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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A Menina do Espelho

Estou de frente a um espelho e nele vejo a imagem de uma menina perdida. No espelho a vejo feliz, mais sinto que ela está triste. Ela deseja se desprender dessa vida...
Nada apagará uma magoa que surgiu de repente, nem eu consciente consigo explicar qual é o problema; Mesmo a vendo sorrir ainda sinto que ela está triste e mesmo fazendo os outros sorrirem, ela se entristece. Sinto vontade de morrer e de mata-la mais ao mesmo tempo quero mantê-la viva e assim descobrir até onde vai a minha força.

- A vida nos prega várias peças e nos confunde. Ela deveria nos dar a morte, mas ela mesma nos mata!



{autoria desconhecida}
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domingo, 9 de novembro de 2008

Ao Mundo Desconhecido





Sentada sobre uma pedra, de frente para o mar, num demasiado estado de solidão, dei lugar aos meus pensamentos...

Questionei-os: “Onde foi que eu errei? Por que a vida tem se rebelado contra mim? Por que o temível sempre me alcança? Por que tinha que acabar assim?”

Entre lágrimas busquei respostas... E fiquei olhando o mar em sua fúria. As ondas pareciam trazer-me lembranças, agravando ainda mais a minha dor e saudade.

...E mais pensamentos inundavam minh’alma. Agora pensamentos destrutivos em meio à ausência das respostas que tanto buscava. Eu ainda olhava as ondas... O alvoroço das águas parecia interligar-se com a angústia que eu sentia.

O barulho brusco das ondas contra as pedras soavam aos meus ouvidos como um chamado.

“Chegou a hora. É hora de partir”.

Levantei-me da pedra em que estava sentada e em passos lentos caminhei, com pés descalços, em direção às ondas turbulentas. A fria brisa da noite sobre meu corpo gélido e trêmulo não foram suficientes para impedir meu próximo passo... Lembro que o céu estava turvo e a lua sem claridade.

A cada instante eu me aproximava das fortes ondas, meus pés estavam submersos igualmente a minha razão de viver... Estava decidida: “Adeus, mundo cruel!”

Atirei-me à primeira onda, forte e gelada; Essa num impulso empurrou-me metros à trás... Caminhei novamente em direção à próxima onda que se formava... Eu caminhava com dificuldade devido ao frio demasiado das águas, porém sentia uma leve dormência e uma estranha força me “ajudava”.

De repente fui arrastada bruscamente... Meus pés já não tocavam o chão. Ondas jogavam-me de um lado para o outro num movimento desordenado. Nesse instante eu bebi muita água, pois não sabia nadar. O frio era intenso. Entrei numa espécie de transe onde eu já não pensava e nem reagia mais... Vi o fim se aproximar... Uma gigantesca onda estava à minha frente. Furiosa e ameaçadora. Parecia ser muito tarde para voltar à trás. Senti pavor diante daquela onda negra e feroz que me engoliu e arrastou-me violentamente sem que eu soubesse em qual direção.

Prendi meu fôlego por alguns instantes, acho que também perdi os sentidos diante de tanta fúria, força e velocidade, mesmo sem saber ao certo o que iria me acontecer a partir daquele momento, senti uma estranha sensação de alegria, estava orgulhosa por vencer o medo e, por fim, entreguei-me ao mundo desconhecido.





Ass.: uma indigente.





(relatos baseados em sonhos onde os dois últimos

parágrafos do texto repetiram-se inúmeras vezes...)



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domingo, 2 de novembro de 2008

Uma Indigente

Hoje, ao entrar no meu quarto, deparei-me com um corpo... Vi que tratava-se de um cadáver. Sim! Um cadáver...
Ao ver aquele corpo ali, sem vida, tive uma estranha sensação... Engraçado como um cadáver se transforma numa simples mala no meio do seu quarto.
Não tenho coragem de tocá-la para não deixar evidencias.
- Não fui eu, eu juro! Não fui eu! Foi assim que eu a encontrei, desde a ultima vez que a vi com vida. Não fui eu. Eu juro!
Está do jeito que a mataram. Olhando para mim... Nem um pano a cobri-la; Sem marcas de agressão, apenas um rubro adeus saindo pela sua boca; Parece um
crime perfeito. Mas como em todo crime sempre tem que haver um culpado. Talvez o acusado até seja o inocente.
Mas alguém tem que pagar por isso. E o cadáver ainda está aqui...
Quando eu a vi, confesso que chorei... Chorei por horas! Mas tenho que me conformar. Ainda não posso tocá-la. Havia tanta esperança lá dentro. Agora parece um nada, morreu como indigente. Ninguém para enterrá-la. O assassino poderia ter se dado o trabalho.. Que tal, esquartejá-la e afundá-la em um rio bem profundo, com pedras no seu interior? Seria mais inteligente. Talvez nem se ouviria falar nada a respeito.
Procura-se agora um culpado! Um destruidor de sonhos! Quem sabe seu nome seja destino, ou foi o acaso...
O infortúnio, um incidente... Talvez uma queda? Um fracasso.
Às vezes eu olho pra ela e desejo que ressuscite. Quem sabe se eu esperar algo aconteça? Quem sabe ela saia andando dali? Mas pra onde vão os mortos? Pra onde vão os sonhos fracassados? Os sonhos e desejos assassinados? Se você souber para onde vai, me diz! Preciso saber.
- Não se iluda, tudo está acabado!
Diz uma voz que sempre surge para cortar o nosso fiozinho de esperança.
- Descanse em paz!


Ass.: Uma indigente.
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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Desnecessariamente necessário...


Desnecessariamente necessário... falar de mim. Mas preciso! E ultimamente mais do que nunca. As palavras matam minha sede de uma forma viciante... Escrevo para ficar bem, mas na verdade não fico... Sinto apenas um estranho alívio de estar compartilhando, de forma 'turva', o que sinto. Mais estranho ainda é a necessidade de criar novas páginas para poder escrever... se quero compartilhar eu deveria fazer isso na minha página, a que considero a primeira {oficial}; Lá também tem 'eu' espalhado por todos os cantos... Mas não é o suficiente! A minha dor, além de suprema e sublime também é volátil... todo espaço é pouco!!!
Não me considero (tampouco procuro) uma luz na escuridão. Diante isto até me identifico com a escuridão infinita onde há pouca luz ou na ausencia total da mesma.
Estou agora, com meu pc portátil, trancada n'um alojamento (do meu trabalho) em uma tarde de muito calor... Porém recorrendo à penumbra gostosa que encontrei aqui... que eu mesma criei...
Uma espécie de refúgil? Ôpa! Acho que encontrei a palavra certa!
Escrevendo procuro desconstruir o mundo de fantasia que me mostraram... Ele não existe! Fujo dele! Tenho medo dele! As palavras que escrevo são forte muralhas que construo a cada dia ao meu redor, para me proteger... não para viver, mas para morrer em paz! Poder fechar meus olhos para sempre e mergulhar eternamente no mundo onde não ha claridade, totalmente desconhecido... não muito diferente deste aqui no qual habito AINDA, porém com uma pequena /grande diferença: aqui tudo passa...


Ass.: uma indigente.
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terça-feira, 28 de outubro de 2008

Saudação Inicial



Estou iniciando hoje, não sei se por estímulo da ocasião na qual me encontro ou só para satisfazer meu ego por se tratar da estréia de uma nova página, mas estou aqui para apresentar/falar um pouco sobre mim... Sim, estou agora mesmo assim na penumbra do meu quarto... na minha penumbra particular (jaz o nome deste meu mais novo blog).
Gosto de transformar o que sinto em palavras. Gosto de desenhar o que se passa aqui dentro, escrevendo...
Hoje eu sou a escuridão incompleta, como esta penumbra em minha volta, como este blog que acabou de surgir... Hoje sem cigarros e sem vinho, apenas palavras!
Sem lágrimas... só pensamentos; Aqui não vejo nada, só sinto... Apenas o vazio...
Esta penumbra sou eu por dentro... São meus sentimentos misturados em meio-termos... Eu tentando chegar a lugar nenhum...
Bem vindo ao meu estranho mundo!


Ass.: lady Morphyna
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LIVROS QUE DESEJO!