domingo, 2 de novembro de 2008

Uma Indigente



Hoje, ao entrar no meu quarto, deparei-me com um corpo... Vi que tratava-se de um cadáver. Sim! Um cadáver...
Ao ver aquele corpo ali, sem vida, tive uma estranha sensação... Engraçado como um cadáver se transforma numa simples mala no meio do seu quarto.
Não tenho coragem de tocá-la para não deixar evidencias.
- Não fui eu, eu juro! Não fui eu! Foi assim que eu a encontrei, desde a ultima vez que a vi com vida. Não fui eu. Eu juro!
Está do jeito que a mataram. Olhando para mim... Nem um pano a cobri-la; Sem marcas de agressão, apenas um rubro adeus saindo pela sua boca; Parece um
crime perfeito. Mas como em todo crime sempre tem que haver um culpado. Talvez o acusado até seja o inocente.
Mas alguém tem que pagar por isso. E o cadáver ainda está aqui...
Quando eu a vi, confesso que chorei... Chorei por horas! Mas tenho que me conformar. Ainda não posso tocá-la. Havia tanta esperança lá dentro. Agora parece um nada, morreu como indigente. Ninguém para enterrá-la. O assassino poderia ter se dado o trabalho.. Que tal, esquartejá-la e afundá-la em um rio bem profundo, com pedras no seu interior? Seria mais inteligente. Talvez nem se ouviria falar nada a respeito.
Procura-se agora um culpado! Um destruidor de sonhos! Quem sabe seu nome seja destino, ou foi o acaso...
O infortúnio, um incidente... Talvez uma queda? Um fracasso.
Às vezes eu olho pra ela e desejo que ressuscite. Quem sabe se eu esperar algo aconteça? Quem sabe ela saia andando dali? Mas pra onde vão os mortos? Pra onde vão os sonhos fracassados? Os sonhos e desejos assassinados? Se você souber para onde vai, me diz! Preciso saber.
- Não se iluda, tudo está acabado!
Diz uma voz que sempre surge para cortar o nosso fiozinho de esperança.
- Descanse em paz!


Ass.: Uma indigente.

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