domingo, 9 de novembro de 2008

Ao Mundo Desconhecido







Sentada sobre uma pedra, de frente para o mar, num demasiado estado de solidão, dei lugar aos meus pensamentos...

Questionei-os: “Onde foi que eu errei? Por que a vida tem se rebelado contra mim? Por que o temível sempre me alcança? Por que tinha que acabar assim?”

Entre lágrimas busquei respostas... E fiquei olhando o mar em sua fúria. As ondas pareciam trazer-me lembranças, agravando ainda mais a minha dor e saudade.

...E mais pensamentos inundavam minh’alma. Agora pensamentos destrutivos em meio à ausência das respostas que tanto buscava. Eu ainda olhava as ondas... O alvoroço das águas parecia interligar-se com a angústia que eu sentia.

O barulho brusco das ondas contra as pedras soavam aos meus ouvidos como um chamado.

“Chegou a hora. É hora de partir”.

Levantei-me da pedra em que estava sentada e em passos lentos caminhei, com pés descalços, em direção às ondas turbulentas. A fria brisa da noite sobre meu corpo gélido e trêmulo não foram suficientes para impedir meu próximo passo... Lembro que o céu estava turvo e a lua sem claridade.

A cada instante eu me aproximava das fortes ondas, meus pés estavam submersos igualmente a minha razão de viver... Estava decidida: “Adeus, mundo cruel!”

Atirei-me à primeira onda, forte e gelada; Essa num impulso empurrou-me metros à trás... Caminhei novamente em direção à próxima onda que se formava... Eu caminhava com dificuldade devido ao frio demasiado das águas, porém sentia uma leve dormência e uma estranha força me “ajudava”.

De repente fui arrastada bruscamente... Meus pés já não tocavam o chão. Ondas jogavam-me de um lado para o outro num movimento desordenado. Nesse instante eu bebi muita água, pois não sabia nadar. O frio era intenso. Entrei numa espécie de transe onde eu já não pensava e nem reagia mais... Vi o fim se aproximar... Uma gigantesca onda estava à minha frente. Furiosa e ameaçadora. Parecia ser muito tarde para voltar à trás. Senti pavor diante daquela onda negra e feroz que me engoliu e arrastou-me violentamente sem que eu soubesse em qual direção.

Prendi meu fôlego por alguns instantes, acho que também perdi os sentidos diante de tanta fúria, força e velocidade, mesmo sem saber ao certo o que iria me acontecer a partir daquele momento, senti uma estranha sensação de alegria, estava orgulhosa por vencer o medo e, por fim, entreguei-me ao mundo desconhecido.





Ass.: uma indigente.





(relatos baseados em sonhos onde os dois últimos

parágrafos do texto repetiram-se inúmeras vezes...)



Um comentário:

  1. No fundo querida, estamos no mesmo mundo: eminentemente romântico, contraditoriamente realista...

    Aconchegante sua página!

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